quarta-feira, maio 23, 2007

Fogo líquido - Paz interior



Quando pedimos algo ao Espírito, de uma forma verdadeira e que seja útil à Alma, temos que estar preparados para as consequências daquilo que pedimos. É que o queimar da personalidade pelo fogo do Espírito acarreta um sofrimento interior nada fácil de suportar. Espírito - Alma - Personalidade, são conceitos sobre os quais não tenho ainda muita consciência para dizer a verdade, nem para falar por experiência própria. E ainda aí, a experiência seria a minha, não a vossa, a qual poderia ser diferente. No entanto, o que já senti na pele, sem sombra para qualquer dúvida, é que existe dentro de mim uma parte que constantemente pede a separação em relação aos outros, que se indigna e exige que não a incomodem seja de que forma fôr, que se levanta e revolta à mínima crítica, que martela com pensamentos repetitivos, obcessivos, em relação a certos assuntos. Em suma, que se pudesse sair livremente para o exterior decidiria tudo sozinha, partiria algo à sua volta, magoaria alguém ou escaparia para longe de todos para se isolar por um longo período...
Mas existe também outra parte... bem mais serena, bem mais apaziguadora, bem mais mansa como o Mestre dizia, e que evita por tudo entrar em conflito com os outros. Uma parte boa, não no sentido de "boazinha" como às vezes a apelidam, mas no sentido da mais pura, livre, espontânea e verdadeira Bondade. Ao mesmo tempo esse lado, de Luz pura e bem real, quando desperto - nem que seja por uns segundos -, faz-nos cair os braços em fúria, faz-nos calar quando ofensas estariam prestes a sair, faz-nos chorar quando nos limpa interiormente de toda a sujidade por nós acumulada... por tanto tempo... faz-nos Brilhar como a Luz de um pequeno Sol interior. Luz essa que os Mestres estão sempre atentos. Luz essa que nos traz Paz. Que nos lembra do que nós somos lá em cima - e queremos ser cá em baixo. Quem se sente assim já não consegue Ser de outra forma. Por mais que se revolte, por mais que se indigne, sente a seguir o chamado interior que apazigua, que une, que é ponderado, suave, eterno... O chamado do regresso a Casa, há tanto esperado... há tanto implorado ao Mestre... mas que tem que ser conquistado, centímetro a centímetro no dia a dia.
Que abismo aparentemente tão grande este, entre uma coisa e outra. E no entanto, está tudo dentro de nós. A luz e as trevas. A noite e o dia. A Lua e o Sol. O espírito e a personalidade.
Bem hajam a todos e obrigado por me ouvirem, se for o caso.


3 Comments:

Blogger sininho said...

sim, de facto é verdade, revejo-me nas tuas palavras. Sente que não estás sozinho nesse caminho, pois embora o caminho seja unico e pessoal estarei sempre ao teu lado para partilhar tuas dores e conquistas. Futuro trunfante te (nos) espera... Beijo

11:15 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Concordo com as diferentes componentes do nosso Eu. prefiro o conceito de 'dimensão' a 'parte'. são palavras, bem sei. leva-as o vento, diz o povo sábio. sinto que somos um continuum de dimensões paralelas que se entrelaçam por breves instantes no universo complexo e belo que é o nosso ser. palavras, ideias, frutos desse universo que conhecemos tão pouco. meditemos. se cavarmos bem fundo, rumo às entranhas da nossa existência, encontraremos porventura o nosso verdadeiro Eu. aquele que não usa palavras nem tem ideias. mas que faz parte da Ordem maior. que comunica constantemente com ela. são mensagens que nos escapam. conteúdos que nos transcendem. abraço a todos.

4:25 da tarde  
Blogger sirius said...

O encontrar de novas coordenadas para a nossa consciência é sempre difícil. A nova direcção tem sempre a sombra da anterior que quer virar a agulha a seu favor e a "bússula" tem que ser forte senão... é o desastre.
Que nenhum de nós perca o norte e que a Luz sempre nos acompanhe no eterno retorno.
Abraço.

8:45 da tarde  

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