Livre!
Livre, verdadeiramente livre é aquele em que o desejo por coisas fora dele não o move mais. Em que as críticas e as ofensas perdem todo o significado, pois ele sente que as mesmas são dirigidas àquela parte de si com a qual ele não se identifica mais. Livre é aquele que se sente limpo, vazio por dentro, vazio de apegos internos ou externos ao que "gostava de ter", ao que "gostava de ser"... até ao que "gostava que acontecesse", pois aí está pronto para ser verdadeiramente inundado e preenchido pela luz da Alma.
Percorro com os olhos a linha do horizonte ao fim da tarde e sinto o vento morno que dança à minha volta. Então olho para cima... vejo um pássaro que voa lá bem alto, sob aquele imenso mar azul e laranja do céu do entardecer, e penso... ele é livre! Até fisicamente ele é leve! E o vento pode assim pegar nele e levá-lo onde for necessário.
E à noite, peço ao deitar-me: Mestre, levai-me convosco para onde eu Vos possa ser últil... mas esqueço-me que não deitei fora o peso das mágoas, das irritações e dos desejos. Imagino a face serena do Mestre olhando-me com um sorriso de compaixão por ver que o meu desejo é forte, que vem cá de dentro... e sabendo que ainda há muito trabalho cá em baixo a ser feito. Não sei se Ele me leva conSigo ou não, só Ele sabe. Eu espero que sim, apesar de tudo.
Que vos deixeis também levar, nem que seja de vez em quando, é o meu sincero desejo. Obrigado.