sábado, fevereiro 10, 2007

Ser correcto e livre ou ultra-correcto e triste



Desde que tomei a decisão de pensar, falar e agir correctamente, entrei numa linha rígida de constante auto-policiamento e auto-julgamento interno em relação a tudo o que acontecia. O resultado foi um completo e perigoso desequilíbrio mental, que me levou a uma depressão e me deixou a um passo da completa ruptura mental, ou seja, a um passo da insanidade permanente. A pressão constante de culpa que colocara em mim próprio, juntamente com o querer absorver de uma forma compulsiva os ensinamentos dos Mestres da sabedoria, colocou o meu ser, nos níveis mais subtis (astral e mental), num estado caótico tal que, não fora séria advertência realizada na altura certa e hoje provavelmente não estaria a escrever este texto.

Há algum tempo, um amigo muito próximo havia-me alertado para que tentasse ter um certo “jogo de cintura” na vida espiritual, mas eu não percebi sobre o que é que ele estava a falar. Ele disse-me que já Mestre Buda ensinava que “devemos ser como a corda de um instrumento; se a mantivermos frouxa não produzirá qualquer som e se a esticarmos demasiado parte”. Estive na iminência de partir essa corda.

Ao mesmo tempo comecei a aperceber-me que esta ultra-correcção que impusera a mim próprio me havia transformado num ser triste, que carregava constantemente um peso enorme. Lembro-me de quando eu nem sequer sabia do caminho espiritual e de como era alegre e espontâneo. Então… o que se passou? Será que tenho que desaprender tudo o que aprendi e li em relação ao levar uma vida mais espiritual?

Acredito que a resposta está em conseguir recuperar a alegria e a espontaneidade, aprendendo de novo a viver a vida na sua plenitude, de forma natural, lembrando e aproveitando o que me foi ensinado, mas sem carregar negros fardos de culpa e de tristeza que só levam o Ser ao desespero e à depressão - de nada servindo aos Mestres e à humanidade. A verdadeira Vida… a chama que nunca se apagará e que arde eternamente no nosso peito impelindo-nos constantemente em direcção ao Bem e ao Amor, é tudo menos isso.

Bem hajam.